27/08/2010

O amor que dói

E lá estava ela. Quieta, quase que fora do mundo real, imersa em seus mais profundos pensamentos. Sentada sozinha naquela praça ninguém dizia o quanto já havia sofrido por amor. Tão jovem, tão bela, tão bem vestida. Moça de família, certamente. Com ar de mistério, compaixão, fracasso, desânimo e dor. Mas o que doia era o seu coração. Doia, pois amava alguém que não tinha mais ao seu lado, vivendo sua vida, pensando seus pensamentos, sorrindo seu sorriso, olhando seu olhar.

O olhar que antes era vivo, alegre, intenso, com a necessidade de viver e conviver com um ser que a completava. Completava não, que a sentia e enxergava de tal forma que nenhum outro jamais sentiu e jamais sentirá, pois não existe mais dentro do seu ser a vontade de amar novamente alguém que em algum momento poderá fazer com que ela passe novamente pelo amargo sabor da perda, da derrota, do vazio dentro da sua alma.

De menina cheia de vida passou a ser uma mulher. Mulher que já não tem mais o brilho de uma verdadeira paixão. Que perdera a alegria de viver. O amor, que antes fazia pulsar com intensidade sua alma, agora a fazia um retalho de alguém que um dia foi. Era um farelo, um pedaço, um resquício de uma criatura que um dia acreditou que o para sempre faria algum sentido.

Mas a vida, agora sem prazer, não tinha mais nenhuma lógica, pois o brilho do olhar tinha sido apagado, tinha sido esquecido, tinha sido abafado por um triste e sonoro "não te quero mais", "não posso mais ficar ao seu lado", "não posso mais cumprir as promessas que um dia, erroneamente, fiz". "Não posso mais te proteger", "não tenho mais como te cuidar", "não posso mais sentir teu coração batendo junto ao meu". As desculpas de que não podiam mais ser o que eram antes minavam seus pensamentos e faziam com que as lágrimas brotassem de tal forma que o pranto se tornasse o seu maior consolo.

E lá estava ela. Quieta, quase que fora do mundo real, chorando e rezando, para que as lágrimas que rolavam por sua face se transformassem em força para conseguir novamente, um dia, voltar a sonhar.

26/08/2010

O amor de hoje

E quando se vê o príncipe não chegou, o cavalo branco não existe e o "viver felizes para sempre" é a maior mentira da humanidade. Já jurei para mim mesma que essas falsas promessas, feitas pelas nossas mães e avós, jamais serão repassadas para minhas filhas, afilhadas, netas, ou seja lá qual mulher poderei um dia esclarecer algumas questões sobre homens, amor, namoro e afins.

Não julgo que há séculos passados as mulheres esperassem pelo verdadeiro amor, pelo carinho incondicional, pelo casamento para o resto da vida e toda aquela coisa de que o homem certo viria em busca de sua amada. Não julgo, até porque antigamente não existia internet, celular, orkut, twitter e facebook, então só restava às mulheres a espera.

O amor de hoje é outro. Chega de príncipes com dentes perfeitos, cabelo impecável e roupas bem cortadas. Chega de esperar uma declaração de amor puro e verdadeiro, e chega (principalmente) de se guardar para o homem certo. Chega de acreditar que somos menos do que o sexo masculino, chega de sermos diminuídas e ridicularizadas por querermos direitos iguais em todos os sentidos, não só na área profissional, mas também na pessoal e sentimental.

Admito que ainda somos herdeiras de sentimentos que muitas vezes "falam" por nós. Admito que temos intrinsicamente o desejo de sermos amadas. Amadas de verdade. Mas sinceramente? Chega de esperar sentada por eles e pelas atitudes deles. Esperar por gestos de carinho que nunca virão, por abraços sem emoção, por palavras sem afeto e olhares sem cumplicidade.

Queremos que a palavra mulher seja entendida em toda sua plenitude e que o amor de hoje seja menos ilusório que o de antigamente. Que o amor de hoje seja menos irreal e com muito mais carinho, amizade, parceria e respeito mútuo. Até porque o príncipe não vai chegar e o cavalo branco... bom, esse nós trocamos por um belo carro do ano.

Começando a falar sobre o amor

Tanto se fala de amor. Já é clichê, mas desculpa é dele que sei falar. Não o entendo, até porque, dizem, sou nova demais para isso. Será que quando eu tiver meus 60, 70 anos eu o entenderei? Alguém o entende? Ou melhor, ele é feito para ser entendido? Pensando bem e até refletindo um pouco mais do que o costume, acredito que não.

O amor é feito para ser sentido, vivido, chorado, amado, viajado, roubado, olhado, cheirado, desenrolado, apertado... É algo tão sublime, como diriam os poetas, que não se entende, nem se sente, simplesmente se nasce com ele guardado dentro de nós em algum lugar tão secreto que cientista nenhum jamais descobrirá. Quando menos se espera ele surge de dentro de nós e quando vemos, fudeu! Estamos amando. Simples assim.

Amando a sensação de amar alguém que muita vezes nem ao menos sabe sobre esse sentimento, sobre os pensamentos, e até mesmo os lamentos que passam pelas nossas cabeças, pelos nossos corações e pelas nossas sensações.

O amor é tão surreal, que chega a ser irreal, dentro do natural gesto de amar o ser amado. Devo estar ficando louca, ou devo estar quase entendendo que o amor não se entende. Devo estar fora de mim e de meus sentimentos. Tenho atos que demonstram o quanto eu não supero mais os fatos. O fato de amar, mas amar tanto, que nem sei como viver sem ver, e ter, o ser que eu enlouquecidamente vivo amando.

Não cabe mais dentro de mim. Não tenho mais espaço dentro da minha alma, dentro dos meus membros, dos meus orgãos, do meu coração doído e do meu mais profundo ser.

Minha casa também é pequena demais para essas emoções que me consomem. É essa talvez a palavra que melhor explique hoje o meu amor. Ele me consome, me prende e liberta de tal forma que não sei mais viver sem ele, ao mesmo tempo que não sei mais viver com ele, pois é grande demais pra mim: pequeno ser que tanto fala de amor.