Dizem que o amor não acaba. Dizem que o amor se transforma em outros sentimentos, como a raiva, o ódio e o rancor. Não sei ao certo no que ele se transforma quando duas pessoas que antes faziam juras de parceiria, afeto e companheirismo eterno, não mais sabem o que sentem um pelo outro, ou pior, sabem que o amor, tão sublime, já não mais habita onde anteriormente os mais profundos sentimentos cresciam a cada novo olhar, a cada palavra carinhosa e abraço amigo.
Que triste deixar de amar. Deixar de ter ao seu lado aquele, ou aquela, que parecia ser o carinho, abrigo e conforto de sempre e para sempre. Mas o que poucos sabem é que o de sempre um dia cansa, e que o para sempre na realidade não é eterno. Como cantava Cássia Eller "O para sempre, sempre acaba"...
Que o amor seja eterno enquanto dure. Eterno enquanto o sorriso despretensioso e o afago acolhedor ainda fizer algum sentido para os dois. Os dois que um dia eram um, mas que a vida, o karma, o destino, ou seja lá o que for, achou que não era mais o momento para as duas vidas andarem juntas, mas cada uma seguir, mesmo que solitariamente, o seu destino, a sua jornada, o seu propósito maior.
Nossos pais se esqueceram de nos avisar que o amar não era tão simples como imaginávamos. Que amar doía, machucava, era complicado e que nem sempre sairíamos bem de uma história de amor. Que o fim muitas vezes é tão rápido quanto o início. Que a pessoa que admirávamos já não tem tantos adjetivos quanto parecia. Que o que antes era pequeno, irrelevante e muitas vezes ignorado hoje se transformou em tantos sentimentos misturados que nem sabemos ao certo quem é e o que sentimos por aquela pessoa, que um dia achamos que seria nossa proteção inabalável.
Talvez nossos pais até tenham falado em algum momento da nossa, quase sempre frustrada adolescência, que amar era um tanto quanto diferente do que éramos acostumados a vivenciar, sentir, planejar e passar. Talvez eles, e até mesmo alguns de nossos amigos, nos falaram para ter mais cuidado, menos pressa e pensar melhor antes de fazer qualquer coisa, antes sair com alguma pessoa e se entregar quase que instantâneamente após o primeiro olhar, beijo e declaração inesperada, mas nossos corações - sedentos por amor, sedentos para amar, não pararam para pensar no que um dia alguém cuidadosamente nos avisou.
Ahh, como mandar no nosso coração? como controlar nossos sentimentos? como fazer com que a emoção não passe por cima da razão de uma forma tão brusca que nada mais faça sentido?
Dizem que o amor não acaba. Ainda não sei, acredito que não. Ou ele cresce, ou ele fica ali, guardado dentro do nosso coração na gaveta das memórias eternas, aquelas que vamos contar para nossos filhos para que eles não passem pelas mesmas dores que um dia nós passamos. E para que não sejam pegos de surpresa pelas mesmas frustações que nos fizerem sofrer e entender que o amor realmente não acaba, mas amadurece e cresce eternamente dentro da nossa alma, estando ou não com o ser amado.